O Grito - Munch |
A gente pensa
Que já viu quase tudo nessa vida
Mulher barbada e velho de vestido
Que se faz de louco varrido
Só pra passear de ambulância
Só pra passear de ambulância
Mas veja só, minha vovó
Anda surpresa
Que pão-de-queijo agora é copyright
E pão-de-ló se compra na Internet
E fica de queixo caído
Vendo passar patinete
Vamos zarpar pro futuro
Numa engenhoca engraçada
Voando de ré na calçada
De volta aos anos cinqüenta
A gente tenta
Levar alguma coisa dessa vida
Embora nunca sonhe ver o mundo
Em busca do tempo perdido
No tempo que era criança
Mas quem espera sempre alcança
E um belo dia
Assiste requentar a guerra fria
Entre o cartel do crack e a Nasdaq
Bombardeando o sentido
Ressucitando a guerrilha
Vamos zarpar pro futuro
Numa engenhoca enguiçada
Numa batalha sangrenta
De volta aos anos sessenta
A gente pensa
Que já viu quase tudo nessa vida
Mas se vamos zarpar pro futuro
Numa engenhoca enguiçada
Veja que coisa engraçada
Minha canção de protesto
Vai ser de novo sucesso
Parte do princípio que é verão
Que pode ser que eu abandone o vício
E pode ser que eu ligue da prisão
Então paga o preço e poda o teu suplício
E pode ser que eu pague a ligação
Sem dó nem prejuízo
De Alá
Do além
Do alô
De alguém
De ver e ouvir que estás tão bem, meu bem
Ou não
Particípio - Nei Lisboa
Vamos salvar os búfalos
E o pensamento também
Das idéias com reserva antecipada
Das certezas pré-gravadas
Vamos salvar o homem das risadas
E das legendas douradas da Sony
Vamos salvar o pensamento
De alianças com carrascos
E casamentos com carrancas
Que na voz que o mundo te arranca
Vale é o tanto quanto lavras
A utilidade das palavras
O resto todo é protesto
Como pretexto para um profile
Um todo que não faz parte
Onde a hipocrisia é uma arte
O mundo é do novoOnde a hipocrisia é uma arte
E o novo dos antigos
O mundo é quem sobrar no fim da noite
Dos amigos
Produção Urgente - Nei Lisboa
Dois tempos andando juntos, ideias divergentes, dá nisso. |